Rede Africanidades: Mesa de Debate 17/8/16: Cultura Bantu, Cosmologia e Corporeidade

Mesa de Deabate com Dr. Prof. Kenneth, Mestre Cobra Mansa e Eduardo Oliveira

Durante sua apresentação o Professor Kenneth partilhou conosco um resumo de sua pesquisa acerca do Cosmograma Bankongo, que é bastante complexo, fazendo cair por terra o pré-conceito de que a cultura Bantu é inferior a outras culturas africanas, como por exemplo, a cultura yoruba (nagocentrismo).

Aqui está uma representação gráfica do Cosmograma Bakongo:

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Para se aprofundar na cosmologia Bakongo, é necessário o que o Prof. Kenneth denominou de “Preparação cultural”, que consiste em buscar o conhecimento do passado, que nos dará um substrato histórico para basear a compreensão de como somos inundados pela criatividade preta; Estar cientes de símbolos culturais em suas aparências inumeráveis e poder reconhecer símbolos e princípios presentes em ambos os lados do Atlântico.

COSMOLOGIA: Suposição de um grupo sobre as origens do universo.

ONTOLOGIA: Suposição de um grupo sobre a natureza do ser. A estética de um povo está na harmonia com sua cosmologia. Um esteta mantém arquétipos culturais, é dinâmico e reforma-se continuamente, em consequência da passagem da época, do ambiente e de expressões criativas.

ESTÉTICA:Sistema unificado de aspectos essenciais encontrados em culturas africanas tradicionais.

FILOSOFIA: A articulação desse relacionamento com guia à vida prática.

ARTE: expressão significativa desse relacionamento com o meio.

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Prof. Ken. foto feita por @BettinaMidón

O Professor Kenneth em sua apresentação apresentou uma tabela de cânones (normas) do que ele chama de “formulário fino”:

Olhar Novo: Ginga, aú, plantar bananeira

Suspendendo e preservando a batida: Plantar bananeira, Chamada

Descer/Começar para baixo: Rolé, Negativa

Ritmos múltiplos: Berimbaus

Olhar Esperto: Ginga, Chamada, Relógio

Entrada e Saídas corretas: Saída, aperto de mão

“Vividness” e equilibrio: Aú, Chamada

Chamada e Resposta: Música e letras, diálogo do corpo

Ancestralidade: homenagem aos Mestres do passado

Legal (Cool): Malícia

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Prof. Ken & Mester Cobra Mansa. foto feita por @Bettina Midón

A cultura Kongo.Angola é uma das forças mais dinâmicas da cultura do mundo. Segundo a cosmovisão Bakongo, o movimento da vida humana é como do sol, após ser carregada deste mundo, a alma passa para uma outra existência.

Os bakungos dançam num circulo no sentido contrario do relógio, atravessando por uma trajetória circular inspirada nos movimentos do sol, transitando entre pontos cardinais durante sua órbita:

Nascimento; Crescimento/Força; Declínio/Morte; Regeneração/concepção.

Takula: o ponto máximo de vitalidade, até mesmo de uma civilizaçao

Luvemba: passagem da morte (que conecta com o renascimento):::: ponto do CAOS, de maior transformaçao: maior ponto de ebuliçao

Musoni: concepção, criação, transformação

Kala: nascimento, concepção

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foto: @BettinaMidón

Na RODA Bakongo estão os quatro pontos cardinais, ligados pelas linhas de Kalunga, que separam o mundo dos vivos do mundo dos ancestrais. Dos cruzamentos das linhas, surgem as “esquinas de poder”. Dançar entre dois mundos é uma opinião do bakongo.

Para os bakongo a vida é como o leste, ocidental, movimento anti.horário q o sol faz em círculos. O mundo da vida e dos mortos na oposição de um espelho dentro de um universo repetitivo, assemelhando-se ao trajeto do sol.

Mooyo (SOL)

Nseke (terra dos vivos)

Mpemba (terra dos ancestrais)

A KALUNGA pode significar o mar, o deus, a perfeiçao, energía viva mais elevada. Siginida estar inteiro, por completo.-

Nkisi é uma força personalizda da terra invisível dos mortos – MPEMBA. Há um grau de controle humano afetado nessa força com o ritual. Os bakongos tem um sistema de Nquisis. Cada Nkisi contém as medicinas chamadas “BILONGO” e uma alma, uma força vital – MOOYO.

O trabalho de um “Nganga” é curar.

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NKISI pode ser as figuras de madeira em que medicinas BILONGO foram adicionadas.

BILONGO é a medicina, é a força vital. Antes de ser ritualizado, o objeto é apenas objeto.

PAKALALA – significa a prontidão brava. Um Nkisi representado por uma figura com as mãos nas ancas.

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Estatua de madeira que tem uma mão para cima e a outra mão na cintura, e o significado de “Defender o bom, mantendo abaixado o mal”.

SNUNGWA: bastão de madeira para honorar os mortos, para comunicar-se com o mundo dos espíritos

NSALA: penas no kongo expressam crescimento, conexão com a outra metade do cosmograma, o mundo superior.

TAKINKINDU: Andar com as mãos no outro mundo, girar o corpo para correr e girar em uma esfera no mundo inferior (fazer uma bananeira)

YANGALALA: maos em cima da cabeça, braços abertos – contato com a presença do espírito. EXTASE, sinal de vitória para atletas negros.

MIYEMBE: rolando os ombros em sinal de alegria.

TIENGA: torção dos quadris simbolizando vitalidade.

PAKALA: mãos nos quadris, siginificando valentia e prontidão.

Música é o poder cura, a forma mais apropriada de se conectar com Deus.

Dançar, batucar e cantar é medicina espiritual, NKISIS, que fornecem o equilíbrio interno, que permite que os participantes e a comunidade possam aprender valores e padrões sociais. É o músico que recebe e transmite a energia do mundo espiritual.

Vários movimentos derivados Banto.Kongo são encontrados no samba e na capoeira angola, servindo como guia para o bom movimento na sua viagem entre os dois mundos.

NDALAMUNDA KISONE

Pra trazer fora a graça que você tem dentro, a qualidade de discurso que é doce e flui como água.

A estética é a cura do povo negro.

 

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